Ando as voltas com o meu desejo. Julgo não conseguir identifica-lo. Levando em consideração nossa condição humana é impossível pensar em alguém que não deseja, porém talvez eu esteja tão obcecado em encontrar que por isso mesmo não o vejo. Sabe aquilo da pessoa procurar o celular com o celular na mão? Tipo isso… heheheh
Antes mesmo de começar meu processo analítico (a psicoterapia) eu já tinha como desejo descobrir o meu desejo, pois um dos objetivos que uma travessia na psicanálise propõe é justamente fazer com que o sujeito se veja em seu desejo, que se implique dele.
Acordei outro dia elaborando as possiveis razoes pelas quais sinto dificuldade em reconhecer o desejo em mim. Entao apresento agora minha linha de racicionio:
– Talvez identificar e nomear um desejo me faça perder, pois ao assumi-lo, terei que abrir mão de tantos outros. E de onde vem isso? Quem sabe seja a influência do conto do livro “As mil e uma noites”, que narra as aventuras de Aladdin com o gênio, lâmpada magica e tapete voador. Você lembra que ao esfregar a lâmpada o gênio aparece e te concede a oportunidade de realizar três desejos. E pior ainda, depois de expor você não tem direito a troca, ou seja, é derradeiro, ele vai realizar e ponto final. Veja que então assumir um desejo é algo de uma responsabilidade tremenda porque implica em abdicar de todos os outros. E mais ainda, o gênio ao realiza-los volta para a lâmpada em você não terá mais acesso a ele, logo, não terá mais nenhum desejo realizado. Agregue aí mais um fator de peso, encontrar a lâmpada é uma das coisas mais difíceis que existe.
Pois bem, eu posso ser o meu próprio gênio e atender as demandas dos meus desejos sozinho, mas esbarro nessa dificuldade de elenca-los numa escala de grandeza. Tipo: qual é o meu maior desejo? o mais profundo? o desejo raiz? (esse é o que persigo). E ao identifica-lo, terei que colocar de lado os anseios “menores”?
Não sei ao certo a origem, mas falam por aí que o desejo inerente de todos os seres é um único: o desejo de ser feliz! Justificam-se barbáries desse jeito, não é? Ah! veja bem, ele está apenas tentando ser feliz… sei não… genérico demais!
Eis que me peguei escrevendo o seguinte: Talvez meu desejo seja matar o gênio. Eitaaaa! será que aqui me peguei desejando que não quero meus desejos se realizem então? Pois a morte do gênio esgota essa possibilidade. Embora seja chocante descobrir desejos “obscuros” como esse dentro do meu próprio ser, acho incrível fazer esse embate entre o que eu acho que desejo e o que eu realmente quero que se realize. Quando você consegue dar um check mate em ti mesmo, abrem-se novas possibilidades, novas portas, novos caminhos para percorrer e continuar DESEJANDO….
O processo de autoescrita é tão rico por ser esse momento de elaboração do pensamento. Continuo recomendando que você também o faça.